FILMES PREMIADOS
Catarina Alves Costa
A antropóloga e cineasta Catarina Alves Costa é professora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa e pesquisadora do CRIA, Centro em Rede de Investigação em Antropologia. Desde o mestrado, tem se dedicado à Antropologia Visual, sendo referência nos cursos da área. Suas obras relaciona as práticas etnográfica e cinematográfica em contextos portugueses, caboverdianos e moçambicanos.
Leia a entrevista com Catarina Costa para Cornélia Eckert na revista Horizontes antropológicos
Exibição: 24 de março às 19 h pelo canal do NAVI Uma viagem da realizadora a Moçambique, levando com ela os filmes e as fotografias de Margot Dias, uma etnóloga que filmou entre 1958 e 1961 no Norte do país, entre os Makonde, mestres de arte e escultura africana. O filme vai ao encontro dos Makonde de hoje, urbanos, devolvendo-lhes estas imagens e a sua própria História e revelando um país com tradições enraizadas. Um encontro com o passado, a memória e a cultura que vai desvendando aos poucos sentimentos acerca do poder das imagens e dos sons do nosso passado comum. Ficha Técnica: Realização: Catarina Alves Costa – Imagem: João Ribeiro – Som: Gabriel Mondlane – Montagem: Pedro Mateus Duarte – Pesquisa: Catarina Simão – Assistente de Produção: John Pitta – Produtor: Pedro Borges – Produção executiva: Sofia Tonicher – Produção: Midas Filmes – Financiamento: DOC TV CPLP – Ano de produção: 2019 – Duração: 55 – Diretores: Catarina Alves Costa. País: Portugal/Moçambique. |
Mari Corrêa
A cineasta brasileira tem se projetado na direção de documentários e na formação de cineastas indígenas no Xingu. Através do Instituto Catitu, os filmes dirigidos ou mesmo produzidos por Mari Corrêa propõem aos povos indígenas novas possibilidades de expressão, transmissão e compartilhamento de suas visões de mundo e de seus conhecimentos. Em um contexto em que as conquistas de direitos por parte dos indígenas brasileiros estão se dissolvendo, as discussões propostas por suas obras tornam-se instrumentos de resistência dessas populações.
“Meu trabalho como cineasta documentarista sempre esteve ligado a dois questionamentos que me são caros, essenciais na minha vida: os (des) encontros interculturais e os processos de construção da memória como formadores da identidade” (Mari Corrêa, 2017 – para o Catálogo das Mostras Audiovisual e Fotográfica do Fazendo Gênero 11)
Instituto Catitu
Leia entrevista com Mari Corrêa para a OVNE
Quentura (Trailer)
Exibição: 7 de março às 19h pelo canal do NAVI no Youtube Autor: Mari Corrêa Muito quente! As piracemas não vêm na época certa e as pimenteiras acabam morrendo com tanta quentura. “É um tempo muito diferente, que nem os espíritos estão conseguindo entender”. De suas roças, casas e quintais, as mulheres indígenas da Amazônia nos envolvem em seu vasto universo de conhecimentos ao mesmo tempo em que observam os impactos das mudanças climáticas nos seus modos de vida. Ficha Técnica: Direção e edição Mari Corrêa – Imagem e som: Vinícius Araújo Berger e Fábio Nascimento – Trilha sonora: Rafael Gobbo Nicolau – Mixagem: Hélio Rimaud – Produção executiva: Patrícia Zuppi, Mari Corrêa, Luís Donisete Benzi Grupioni – Coprodução – Rede de Cooperação Amazônica – rca.org.br – Instituto Catitu – institutocatitu.org.br – Apoio institucional: Rainforest Foundation Norway |
Mattijs van De Port
É professor de antropologia na Vrije Universiteit Amsterdam e na Universiteit van Amsterdam. Sua trajetória na Antropologia Visual inclui a produção de documentários etnográficos que exploram aspectos da cultura baiana, tendo o candomblé grande relevância. O peculiar nos filmes de De Port é que a discussão sobre religião ganha outro aspecto, que foge um pouco da visão antropológica clássica, de centralização da temática no ritual. Ao contrário, propõe mostrar de que forma o candomblé se relaciona na esfera pública.
“A antropologia tem um pouco daquela coisa de que se não é espontâneo, não é verdadeiro. Eu não concordo. Acho que criar performances é uma maneira também de aprender porque o que as pessoas trazem dentro dessa performance é algo autêntico (Mattij van De Port, 2019 em entrevista para Carly Machado, Cristhian Caje e Adriano Godoy)”.
Leia a entrevista na íntegra
Assista a entrevista
Nós e Furos: o audiovisual como grafia do trabalho de campo (Tailer)
Exibição: 11 de março às 19 h pelo canal de Youtube do NAVI Autor: Mattijs Van de Port Para onde quer que você olhe: as redes estão ao nosso redor. Elas materializam princípios como conexão, filtragem e padronização. É por isso que vale a pena de ter um olhar mais atento sobre o que as pessoas fazem com elas – e o que elas fazem com as pessoas. Na Bahia, Brasil, viajei para lugares onde as pessoas trabalham com redes. Gravei as conversas, emoções e sensações que ocorrem na presença das redes. Fiz uma viagem de pesca com o Tico. Falei com evangélicos, que procuravam explicar a parábola bíblica da rede de pesca. Saí com os meninos do candomblé, que têm suas camisas feitas de renda. E nunca deixei de me perguntar como os princípios da filtragem e da padronização se desenrolam na minha própria vida – como cineasta, como antropólogo, como gay apaixonado. Mantendo viva a tensão entre abertura e fechamento, nó e furo, agarrar e acariciar, este filme convida seu público a refletir sobre a observação de que, constantemente, nós humanos impomos estruturas à Vida e ao Ser, para inevitavelmente descobrir que nem a Vida, nem o Ser, seguem nossos desenhos. Ficha Técnica – Pesquisa, Camera e Edição: Mattijs Van de Port – Mixagem de Som: Pepijn Kortbeek. |
O corpo não fecha – Estreia no Brasil (Trailer)
Exibição: 30 de março às 19h Nossos corpos são semipermeáveis. Em todo o mundo, histórias são contadas sobre heróis que magicamente “fecham” seus corpos para se tornarem invencíveis. Este filme segue uma dessas histórias, contada em Santo Amaro, Bahia (Brasil). Besouro Mangangà era um capoeirista, um herói negro, que fechava o corpo. Nenhuma bala, nenhuma faca ou adaga poderia perfurar sua pele. Os baianos explicam como “fechar o corpo”, o que faz sentido em seu mundo precário e violento e o porquê, no final das contas, esse fechamento nunca será realizado. Logo o cineasta percebe que seu filme não é só sobre o povo baiano. Ele também está lutando contra a porosidade de seu corpo, tentando incessantemente encontrar um equilíbrio entre fechar o mundo do lado de fora e deixar o mundo entrar. O filme está competindo pelo RAI Film Prize e Basil Wright Film Prize |