9ª Mostra Audiovisual

24/07/2024 15:46

 

As Mostras Fotográfica e Audiovisual do Fazendo Gênero configuram-se como um campo de luta crucial pela diversidade no cenário da fotografia e do audiovisual, historicamente dominados por grupos políticos hegemônicos. Pesquisas contemporâneas destacam a sub-representação de diretoras e cineastas mulheres e também de outros grupos no campo da fotografia. Nesse sentido, as Mostras constituem-se como referência nacional e internacional na disseminação do conhecimento a respeito de grupos sub-representados de modo mais amplo, e também possibilitam uma reflexão sobre os meios visuais e circulação de produções resultantes de pesquisas, tornando-se instrumentos essenciais de intervenção social.

As Mostras Audiovisual e Fotográfica têm sido realizadas desde 2000, no campus da da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis e são organizadas pelo Núcleo de Antropologia Audiovisual e Estudos da Imagem (NAVI), como parte do Seminário Internacional Fazendo Gênero. Ambas as mostras são competitivas e visam divulgar produções audiovisuais e fotográficas nacionais e internacionais relacionadas a questões de gênero, materializando problemáticas socioculturais contemporâneas que envolvem pessoas, coletividades, grupos sociais específicos e processos históricos de interesse social. 

As Mostras incentivam produções audiovisuais e fotográficas no contexto da Antropologia e/ou dos Estudos de Gênero, visando elevar a qualidade dessas criações e promover a divulgação junto a especialistas, ampliando assim o alcance de tais trabalhos. Constituem-se como um espaço que busca, sobretudo, difundir conhecimento através do audiovisual e da fotografia, transcendendo fronteiras disciplinares a partir do diálogo entre  arte e ciência e adotando uma abordagem de acesso aberto para democratizar esses conteúdos. 

O panorama das produções apresentadas nas Mostras Fotográfica e Audiovisual propõem um olhar que visa reportar tensões, conflitos e vitórias implícitas em vivências múltiplas, por meio da Antropologia visual, da fotografia e do cinema. Além de fomentar o enriquecimento mútuo entre os profissionais e os criadores das obras, as Mostras fomentam debates e diálogos que contribuem para o aprimoramento teórico em áreas como feminismo e estética audiovisual e fotográfica. Tais eventos propiciam um valioso contato entre os participantes e os autores das obras, promovendo uma troca enriquecedora. No âmbito da Mostra de Audiovisual, os debates pós-sessões não apenas fortalecem essa troca, mas também aprimoram teoricamente campos como Antropologia Visual e estética audiovisual e fotográfica.

A homenageada deste ano será a cineasta Adélia Sampaio, primeira mulher negra a dirigir um longa metragem no Brasil. Pioneira, ela superou o ambiente elitista ao trabalhar em diversas funções na produção cinematográfica. Sua estreia como diretora ocorreu em 1979 com o curta-metragem “Denúncia Vazia”, seguido pelo impactante “Amor Maldito” (1984), abordando a temática lésbica e desafiando preconceitos da indústria cinematográfica nacional. Adélia dirigiu documentários sobre a Ditadura Militar, evidenciando seu posicionamento político de denúncia a esse regime.

Neste ano, será ainda realizada a Mostra Futebol e Gênero, cujo objetivo é apresentar a produção audiovisual e fotográfica de pesquisadores/as do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Estudos do Futebol Brasileiro (INCT Futebol) e também proporcionar a visibilidade a produções relevantes, tanto em âmbito nacional como internacional, para se pensar o Futebol como um campo fecundo de estudos e pesquisas. Esta é uma parceria entre o INCT-Futebol, NAVI e Fazendo Gênero.

Esta edição está especialmente voltada para a conscientização ambiental, um tema cada vez mais relevante no nosso dia a dia. Portanto, adotaremos práticas sustentáveis, como a redução do material impresso e do uso de descartáveis, além da preferência por métodos de produção e consumo que minimizem a emissão de carbono na atmosfera. Assim, nossa Mostra Fotográfica será predominantemente em meio digital e será realizada a partir de projeções. Outra iniciativa importante será a confecção dos troféus a partir de resíduos, utilizando técnicas de upcycling, com a finalidade de reduzir impactos ambientais.

8ª mostra audiovisual

15/12/2020 15:34

 

As Mostras Audiovisual e Fotográfica do Seminário Internacional Fazendo Gênero estão voltadas para a divulgação de produções audiovisuais e fotográficas orientadas pelas problemáticas relativas a gênero. As Mostras integram a programação do evento que abre sua 12ª edição com a temática “Lugares de Fala: Direitos, Diversidades e Afetos”.

A continuidade aliada à qualidade das Mostras Fazendo Gênero ao longo dos anos se tornaram uma referência para a disseminação do conhecimento, tanto em nível nacional como internacional, e para a reflexão sobre os meios visuais e circulação de produções que, além de consistirem em resultados de pesquisas, são meios fundamentais de intervenção social. Ao somar-se aos outros festivais que nasceram nos últimos anos, as mostras se configuram também como um importante espaço de luta, pela afirmação da diversidade no campo da fotografia e do audiovisual, que ao longo da história foi – e ainda é – objeto de hegemonia por grupos políticos dominantes.

Nesse viés, buscam incentivar as produções audiovisual e fotográficas baseadas em temáticas relativas ao campo dos Estudos de Gênero, proporcionando um crescimento na qualidade dessas produções e também divulgando os trabalhos realizados em suportes fílmico e fotográfico a um público de especialistas em tais temáticas que poderá disseminar os trabalhos mais amplamente. 

A Mostra de Fotografias do Fazendo Gênero completou 20 anos em 2020. Para comemorar duas décadas dessa trajetória, será realizada uma mostra paralela de fotografias –  NAVI – 20 anos da Mostra Fotográfica Fazendo Gênero – que reunirá trabalhos de integrantes do núcleo realizados nos últimos anos com temáticas relativas a gênero.

A cada edição da Mostra Audiovisual é realizada uma homenagem a cineastas de grande relevância para a disseminação do conhecimento na área de gênero e feminismo, a partir do cruzamento com diferentes campos disciplinares e possibilitando a leitura de públicos diversificados. 

Lucia Murat será a grande homenageada em 2021. A cineasta, ao longo de sua carreira de quase quatro décadas, tem abordado questões que discutem as lutas de mulheres em suas obras, nos contextos mais variados. Nesse sentido, a atuação de mulheres na militância política em defesa da democracia no país assume papel importante em algumas criações de Murat. É o que podemos conferir nos filmes que serão apresentados no decorrer da programação da Mostra Audiovisual. Que bom te ver viva (1989) apresenta as memórias de uma mulher presa e torturada durante a ditadura militar no Brasil. A trama é entrecortada por depoimentos com histórias reais de oito mulheres que passaram por essa situação no período.  Temática que é retomada em A memória que me contam (2012), em que a morte de uma personagem reúne antigas/os amigas/os, ex-militantes que entraram em combate com o regime institucionalizado após o golpe de 1964. Por fim, o filme Em três atos (2015) intercala ficção e não ficção ao criar uma narrativa sobre o corpo, contrapondo juventude e velhice, através da dança. Trata-se da proposta de um ensaio poético com a reprodução de textos de Simone de Beauvoir. 

Em face às limitações impostas pela pandemia do COVID-19, este ano houve o desafio de organizarmos uma mostra totalmente virtual, dada a impossibilidade de podermos contar com os espaços expositivos presenciais, o que também significa o encontro entre o público e as/os autores dos trabalhos durante a exibição. Entretanto, além de contarmos com novas ferramentas virtuais que nos permitiram a construção de mostras online de altíssima qualidade e a possibilidade de ampliarmos a audiência, abrangendo um público diversificado através do acesso aberto, a programação das mostras inclui depoimentos de cineastas que integram a Mostra Audiovisual e ainda uma série de debates online com especialistas em Antropologia Visual e Cinema, de diferentes países. Ainda que ocorram em um ambiente virtual, os debates consistem na possibilidade de trocas significativas, a partir da diversidade de olhares sobre as produções audiovisual e fotográfica e da reafirmação da importância do campo da visualidade no mundo contemporâneo. 

Além da exibição dos filmes em homenagem à Lucia Murat, fazem parte das mostras competitivas, 29 filmes e 25 ensaios fotográficos que serão avaliados por um júri especializado e pela audiência. Também contamos com sessões de audiovisuais premiados no XI Festival Internacional do Filme Etnográfico do Recife – Quentura, de Mari Corrêa (Brasil, 2018) e Viagem aos Makonde, de Catarina Alves Costa (Portugal/Moçambique, 2019) – e de obras do antropólogo documentarista Mattijs Van de Port – Knots and Holes: an essay film on the life of nets (Países Baixos, 2018) e The Body Won’t Close (Países Baixos, 2020).  A programação ainda inclui a apresentação de mostras paralelas – fílmica e fotográfica – de produções realizadas por pesquisadoras/es do NAVI e sessões de debates com especialistas em Antropologia Visual e Cinema, que também ocorrerão em meio virtual. 

Carmen Rial, Carla Rocha, Natalia Perez, Caroline de Almeida e Cristhian Caje. 

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